domingo, 22 de agosto de 2010

TRANSTORNO DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE


Este trabalho tem por objetivo entender o estudo do Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, como ele se manifesta nos pacientes, qual melhor maneira de tratá-los e acompanhá-los dentro de seu contexto escolar e de sua vida social. Esclarecer mal entendidos e diagnósticos administrados por profissionais não capacitados, e também diagnósticos precoces de profissionais que não realizaram procedimentos adequados para fechar o diagnóstico corretamente e poder dentro do possível conhecer, trabalhar, encaminhar corretamente os casos que irão aparecer no decorrer de nosso trabalho como psicopedagogas.
É um trabalho interessante, pois proporcionou pesquisas e leituras dinâmicas de um assunto muito falado nas escolas, tanto pela internet como em livros de profissionais da área médica.
É um tema que deve ser estudado, lido, discutido, pois é o modismo do século XXI, crianças são diagnosticadas de TDAH e muitas vezes medicadas sem ao menos passar por exames e ou testagens próprias para um diagnóstico seguro.
A partir desse estudo pretendemos ter um esclarecimento seguro em relação ao TDAH e um conhecimento básico para auxiliar o indivíduo dentro de suas necessidades e dificuldades que são características próprias das crianças com TDAH.

DEFINIÇÃO

O TDAH é determinado por uma dificuldade de atenção, que irá evoluindo ou por uma hiperatividade e impulsividade, ou por ambos, inapropriados para a idade. Para critérios de diagnóstico o transtorno deve permanecer pelo menos por 6 meses, ocorrer antes dos 7 anos e prejudicar o funcionamento escolar ou social.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade já vem sendo identificado a muitos anos com outras terminologias. No início do século as crianças que apresentavam impulsividade, eram desinibidas, hiperativas, muitas delas com lesões neurológicas provindas de uma encefalite, eram todas agrupadas num mesmo rótulo de “síndrome de hiperatividade”. Já na década de 60, as crianças que apresentavam coordenação motora mais deficiente, dificuldades na aprendizagem e instabilidade emocional, esse grupo sem lesão neurológica, eram classificadas como tendo “disfunção cerebral mínima”. A partir daí, muitas outras hipóteses foram citadas para explicar a origem do transtorno, como uma condição de base genética, que reflete um nível anormal de excitação e uma fraca capacidade de lidar com as emoções.
O que realmente amparou a teoria foi a observação de que o uso de medicamentos estimulantes ajudam a manter uma atenção constante e melhoram na concentração para determinada tarefa. Hoje não é um fator isolado que irá determinar o transtorno, mas as condições ambientais contribuem muito para tal condição assim como aspectos clínicos previsíveis estão associados ao transtorno.

“O comportamento é um fenótipo (característica observável e mensurável), mas não como outro qualquer, pois envolve o funcionamento de todo o organismo, e não só a ação de uma simples célula, molécula, ou órgão; é dinâmico e muda em respostas ao ambiente. O comportamento é o fenômeno mais complexo que pode ser geneticamente estudado”
(R. Plomin, 1991)

EPIDEMIOLOGIA

A incidência de TDAH, nos Estados Unidos é de 2 a 20% em crianças de escola primária. Uma cifra mais conservadora situa-se em torno de 3 a 5 % em crianças em idade pré-pubertal. Na Grã-Bretanha, é menos 1%. A incidência é maior em meninos, variando de 3 a 5 para 1 menina, aparecem mais em meninos primogênitos. Os pais de crianças com TDAH podem apresentar hipercinesia, sociopatia e transtornos conversivo.
O início do transtorno, geralmente se da aos 3 anos, mas o diagnóstico somente é realizado quando a criança entra na escola e começa a apresentar um aprendizado diferente e um comportamento diferenciado dos padrões exigidos para a aprendizagem, de tempo maior de concentração e de atenção.



CLASSIFICAÇÃO

De acordo com o DSM IV o TDAH possui 3 grandes sub categorias, que são diferenciadas pela presença (ou não) da hiperatividade e impulsividade. A dificuldade de manter a atenção focada é encontrada nos 3 tipos.
DESATENTO: desvia facilmente a atenção do que está fazendo e comete erros pela falta de atenção a detalhes. Muitas vezes se distrai pelo próprio devaneio e pelo simples estímulo externo. Existe aqui a dificuldade de concentração em palestras, aulas, leituras de livros (que dificilmente termina a não ser que interesse muito); muitas vezes parece não ouvir quando o chamam; se distrai numa conversa com outra pessoa, principalmente quando está em grupo; dificuldade em seguir instruções, iniciar, completar e só então depois mudar de tarefa; dificuldade em começar tarefa que exige longo esforço mental; dificuldade em organizar-se (mesas, gavetas, arquivos e papéis); problemas de memória a curto prazo, perde ou esquece objetos, nomes e datas.
HIPERATIVO-IMPULSIVO: faz várias coisas ao mesmo tempo, está sempre a mil por hora; consegue ler, ver TV e escutar música ao mesmo tempo; inquietação, dificuldade em ficar sentado por muito tempo; pode comprar, comer, falar compulsivamente; tendência ao vício; interrompe a fala dos outros; baixo nível de tolerância; instabilidade de humos; dificuldade em expressar-se, muitas vezes a fala não acompanha a velocidade do seu pensamento.
COMBINADO: apresenta as características combinadas de desatenção, hiperatividade e compulsividade.
Esses sintomas devem estar presentes pelo menos por 6 meses e em algumas situações, como por exemplo em casa e na escola.


QUADRO CLÍNICO OU SINTOMATOLOGIA

As crianças com TDAH, geralmente os meninos, são inquietos, agitados, desatentos. Falam muito, saem constantemente da sala de aula, tem dificuldade de manter a atenção por muito tempo numa determinada atividade...
Muitas vezes são crianças inteligentes, criativas, mas que não conseguem demonstrar todo o seu potencial em função do transtorno.
A falta de diagnóstico e tratamento correto causa grande prejuízo a vida escolar e social, sem tratamento, podem acarrear em outros prejuízos como a baixa auto estima, e muitas vezes o isolamento.
A característica essencial do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos 6 anos, mas muitos são diagnosticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos.
Muitas pesquisas ainda são necessárias para se esclarecer a base genética do TDAH. É importante continuar integrando resultados de todas as fontes para que se consiga identificar os componentes que conferem suscebilidade genética do TDAH.

CURSO E PROGNÓSTICO

Significado de Prognóstico: Juízo médico, baseado no diagnóstico, acerca da evolução duma doença.

O curso do TDAH é altamente variável. Os sintomas podem persistir na adolescência ou na vida adulta, podem apresentar remissão na puberdade, ou a hiperatividade pode desaparecer, com persistência de um reduzido alcance da atenção e problemas de controle dos impulsos.
A hiperatividade geralmente é o primeiro sintoma a apresentar remissão. A remissão é improvável antes dos 12 anos. Se ocorrer, geralmente dá-se entre 12 e 20 anos. A remissão pode ser seguida de uma adolescência e vida adulta produtivas, relacionamentos interpessoais gratificantes e poucas sequelas significativas. A maioria dos pacientes com TDAH, entretanto, sofrem uma remissão parcial e são vulneráveis ao distúrbio de personalidade antissocial e a outros distúrbios da personalidade e do humor. Os problemas de aprendizado frequentemente persistem.
Em cerca de 15 a 20 % dos casos, os sintomas de TDAH persistem na vida adulta. Esses indivíduos podem apresentar uma diminuição da hiperatividade, mas continuam impulsivos e propensos a acidentes. Embora as realizações acadêmicas sejam inferiores às de indivíduos sem TDAH, o início de sua história profissional não difere da de indivíduos com nível de escolaridade semelhante.
As crianças com TDAH cujos sintomas persistem até a adolescência estão em alto risco para o desenvolvimento de transtorno de conduta. Aproximadamente, 50% das crianças com transtorno de conduta desenvolverão transtorno da personalidade antissocial na idade adulta. As crianças com TDAH e transtorno de conduta também estão em risco para o desenvolvimento de um transtorno relacionado a substâncias.
No total, o resultado do TDAH na infância parece estar relacionado com a intensidade e persistência de um transtorno de conduta e a fatores familiares caóticos. Os melhores resultados podem ser promovidos pela melhora na agressividade das crianças e por uma melhora também nas funções familiares, tão logo seja possível.

TRATAMENTO

O tratamento das crianças com TDAH exige um esforço combinado, ou seja, uma intervenção multidisciplinar: profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica em conjunto com os pais e ainda, quando necessário, uso de medicação. O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla: intervenções psicossociais e psicofarmalógicas.
O primeiro passo no âmbito das intervenções psicossociais deve ser educacional, ou seja, dar informações claras e precisas à família a respeito do transtorno. É importante que os pais conheçam as melhores estratégias para o auxílio de seus filhos na organização e no planejamento das atividades.
As intervenções no âmbito escolar também são necessárias e devem ter como foco o desempenho escolar. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldades de se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas têm sobre uma boa atuação. Os professores devem ter paciência e disponibilidade, pois as crianças com TDAH precisam de muita atenção, já que, geralmente possuem baixa autoestima pelo fato de apresentarem dificuldades na concentração. É importante alguns ajustes por parte do professor e algumas intervenções na sala de aula, como: trabalhar em pequenos grupos sem isolar a criança com TDAH; dar tarefas curtas ou intercaladas para que elas possam concluí-las antes de se dispersarem; elogiar sempre os resultados; usar jogos e desafios para motivá-las; valorizar a rotina, pois deixa as crianças mais seguras; permitir que elas consertem os “erros” pedindo desculpas quando ofenderem algum colega ou desrespeitarem combinações; repetir consignas usando sentenças claras para entenderem; pedir a elas para repetir o comando para ter certeza que escutaram e compreenderam o que o professor solicitou; escolher essas crianças como ajudante do professor e mostrar limites de forma segura e tranquila, sem entrar em atrito.
As intervenções psicofarmalógicas feitas a base de agentes farmacológicos são os estimulantes do SNC, principalmente a dextroanfetamina, metilfenidato e pemolina. O mecanismo de ação dos estimulantes é desconhecido. O metilfenidato tem se mostrado altamente eficaz em até três quartos de todas as crianças com TDAH, com relativamente poucos efeitos colaterais. O metilfenidato é um medicamento de ação curta, geralmente usado com intuito de agir durante as horas da escola de modo que as crianças possam atender às tarefas e permanecerem em sala de aula. Os efeitos colaterais mais comuns incluem cefaléias, dores abdominais, náusea e insônia. Algumas crianças experimentam o efeito de rebote, no qual tornam-se levemente irritáveis e se mostram levemente hiperativas por um breve período, quando medicamento cessa seus efeitos. Em crianças com histórico de tiques motores, deve-se ter cautela, pois o metilfenidato pode causar uma exacerbação do transtorno de tique. Uma outra preocupação em relação a esse medicamento é se ele causará alguma supressão do crescimento, por isso aconselha-se umas “férias medicamentosas” em férias e em fins de semana.
Os antidepressivos incluindo a imipramina, desipramina e nortriptilina têm sido usados para o tratamento do TDAH com algum sucesso, pois podem ser benéficos em crianças que apresentam transtorno de tique e que são impedidas do uso de estimulantes. Porém os antidepressivos exigem um atento monitoramento da função cardíaca, já que pode causar óbito e sabe-se que o uso de estimulantes é mais eficaz para as crianças que apresentam TDAH.
As crianças com TDAH e sintomas depressivos que usam metilfenidato e desipramina simultaneamente obtêm melhoras na aptidão em tarefas cognitivas. De modo geral, os estimulantes ainda são a droga de primeira escolha no tratamento farmacológico do TDAH, pois reduzem a hiperatividade, impulsividade, irritabilidade e explosões.
Em relação às intervenções psicossociais a psicoterapia individual de apoio é a cognitivo-comportamental que deve ter uma abordagem combinada de medicação mais abordagem psicoterápica.
Ao receberem medicamentos, as crianças com TDAH devem ter a oportunidade de explorarem o significado da medicação para elas, pois assim sua ansiedade diminui. Também os pais devem ser ajudados a reconhecer que os filhos devem enfrentar tarefas normais de maturação, incluindo a necessidade de introjetar padrões e formar um superego normal e flexível. Portanto, as crianças com TDAH não se beneficiam por serem dispensadas das exigências, expectativas e planejamento aplicáveis às demais crianças. A terapia incentiva o pensamento racional e a solução de problemas para auxiliar o paciente a reconhecer e mudar o pensamento em relação à patologia. Recomenda-se que pais e professores possam recompensar quando esta demonstra o comportamento desejado e consequências negativas quando não correspondem. Várias técnicas podem ser utilizadas e apresentam resultados positivos comprovados, pois visam estruturar o meio ambiente em que a criança vive.


PROFILAXIA

Significado de profilaxia: Emprego de qualquer procedimento ou agente para evitar instalação e/ou propagação da doença.
É fundamental que os pais procurem um auxílio rápido diante de suspeitas e preocupações, fazendo a investigação necessária e obtendo um diagnóstico correto, para que o portador do TDAH tenha logo um tratamento adequado com uma equipe multidisciplinar e auxílio dos pais, a fim de aprender a tirar o maior partido das suas características e a usar todo o seu potencial (ver intervenções no âmbito escolar, citadas acima). E também é prioritário dar mais atenção, afeto e carinho a essa criança e percebê-la como um todo e não só o seu desvio de comportamento. A parceria com o educador permitirá que eventuais melhoras, bem como possíveis pioras, possam ser identificadas na sala de aula e discutidas com o médico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS<
• Compêndio de Psiquiatria; ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Kaplan & Sadock; 7° edição, pág.989 a 994 – POA: Artes Médicas, 1997
• DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dayse Batista; 4ª edição, pág.82 a 84 – POA: Artes Médicas, 1995.
• II º Curso de Extensão sobre Transtorno de Déficit e Atenção /Hiperatividade – 2009 - Drª. LYGIA OHLWEILLER
• http://www.dda-deficitdeatencao.com.br

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