domingo, 29 de agosto de 2010

A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA

A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA: LUGAR DE SIMBOLISMO, DA REPRESENTAÇÃO, DO IMAGINÁRIO



Quando vemos uma criança brincando de faz–de-conta, sentimo-nos atraídos pelas representações que ela desenvolve. As cenas não nos deixam dúvidas dos significados que representam dentro de um contexto. A menina torna-se mãe, tia, professora, etc e o menino torna-se pai, herói, polícia, etc. papeis desempenhados com clareza, sem script e sem diretor, é como um mini teatro, onde papéis e objetos são improvisados.
São várias as denominações que recebem esse tipo de jogo: o jogo imaginativo, o jogo de faz-de-conta, o jogo de papéis ou jogo sócio dramático. O importante é a simulação ou o faz-de-conta que nos mostram a eficácia para promover o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança.
Somente no século XIX deu-se a abertura do mundo infantil. Apesar de ainda haver pouca descrição dos jogos das crianças na literatura. Na Alemanha, Goethe e Schiller começaram a perceber e dar importância ao componente imaginativo nos jogos das crianças e o significado no comportamento adulto, principalmente no que diz respeito à produção artístico.
Fröebel e Pestalozzi, desbravadores da Educação Infantil, foram sensíveis à importância do jogo na infância, relacionando à pratica do ensino e educação da criança.
Mark Twain mostra o jogo de faz-de-conta muito bem ao contar as aventuras de Tom Sawer e seus amigos que brincavam de piratas, de capitão de barco e outros jogos.
Mesmo já existindo muito antes do século XIX, o jogo imaginativo passava despercebido pelo mundo adulto. Somente nos dias atuais, com a mídia, seus filmes, desenhos e super heróis, influenciaram o desenvolvimento do jogo imaginativo, ficando mais elaborado e sofisticado.
O jogo de fantasia possibilita observar a origem dos devaneios na fase adulta, e já era defendido por muitos teóricos como: Freud (1976), Piaget (1971), Wygotsky (1984) e Luira (1932).
As atividades de “voar”, cair, correr e pular corda, representam experiências concretas que envolvem elementos de imaginação e de faz-de-conta.
Para Piaget, o jogo de imaginação ou faz-de-conta significa que quando a criança brinca, assimila o mundo do seu modo, da maneira como ela o percebe, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto mas com o da função que a criança lhe atribui. É o que ele chama de jogo simbólico, que é a representação de um objeto por outro, é dar uma nova significação a vários objetos. É o faz-de-conta.
Para Vygotsky a imaginação é uma atividade consciente que não existe numa criança muito pequena. Ele define a brincadeira como uma situação imaginária criada pela própria criança e que vai mudando o interesse conforme a criança vai crescendo, como por exemplo, um brinquedo que interessa a um bebe, deixa de interessar a uma criança mais velha. Para ele à medida que uma criança vai se desenvolvendo, vai se modificando, primeiro predomina nas brincadeiras as situações e as regras ficam ocultas ( não explicitas), depois, na medida que vai crescendo, predominam as regras (explicitas) e a situação imaginária fica oculta.
Na ação e no significado do brinquedo, Vygotsky da muita ênfase, pois para ele é praticamente impossível uma criança com menos de 3 anos usar do imaginário, pois, quando ela passa do concreto para o abstrato, não existe continuidade e sim uma descontinuidade. No brinquedo a criança vai perceber o objeto não da maneira como ele é, mas como ela gostaria que ele fosse, lhe conferindo um novo significado.
Para Vygotsky, o mais importante não é a semelhança do objeto com a coisa imaginária, mas o gesto que se assemelha a realidade, o significado conferido ao objeto. No brinquedo, uma ação substitui outra ação, assim como um substitui outro objeto.
Vygotsky, fala ainda que o brinquedo é levado muito a sério por crianças menores de 3 anos, pois ela não separa o imaginário do real. Na idade escolar o brincar tem um significado diferente, torna-se uma atividade mais limitada que preenche um papel específico em seu desenvolvimento.
O brinquedo e o desenvolvimento simbólico segundo Elkonim (1971), citando Vygotsky, diz que a simbolização através dos objetos é pré-condição para o início do jogo de papéis, que vai se desenvolver a partir das atividades da criança com o objeto, principalmente, aos 2 ou 3 anos de idade, essas atividades vão se desenvolver a partir da relação da criança com os adultos.
Já de 1 ao 2 anos, a atividade não é separada do objeto assimilado nem mesmo independente, transferida pela criança do objeto a um outro objeto. Constituía a principal diferença do esquema manipulativo sensório-motor no qual assimilação do objeto aparece claramente na repetição de movimentos com diversos objetos. Depois disto a criança inicia a reproduzir ações em suas brincadeiras. Ex: Alimenta seu cão, ou até mesmo suas bonecas, outros bichinhos.........
Inicia a identificação de suas atividades com os adultos, seus brinquedos refletem seus momentos individuais de sua vida de seu dia a dia.
Porém nenhum destes objetos substitui ou simboliza outros objetos. A separação ação/objeto só ocorre quando a criança reproduz a situação na qual os objetos são ausentes. Exemplo: Dar banho na boneca em água imaginária ou dar de comer um alimento que não existe.
Mais ou menos aos 3 anos de idade a criança já consegue nomear sem a ajuda dos adultos, imaginando suas brincadeiras. Ex: um pedaço de pau vira sabão, um banco um carro, etc. A partir deste momento, a criança não só substitui um objeto por outros ou reproduz aspectos de sua vida diária, mas passa a representar papéis da vida dos adultos como brincar de mamãe, de médico.
É na pré-escola que acontece o desenvolvimento do jogo de papéis, através das brincadeiras de faz-de-conta. A interpretação do papel de adulto, é uma forma original de simbolização. Essa fase é transcorrida pelas crianças que vão da brincadeira onde o conteúdo é a representação das atividades dos adultos com objetos para a brincadeira onde o conteúdo é a reprodução das relações de adultos entre si ou com o grupo de crianças.
Segundo Vygotsky, 1984: 122-6). Jogo simbólico é um mecanismo comportamental que possibilita a transição de coisas como objetos de ação para coisas como objetos de pensamento. Diz ele também que: o brincar tem sua origem na situação imaginária criada pela criança, onde desejos irrealizáveis podem ser realizados, com o objetivo de reduzir a tensão, acomodar conflitos e frustrações da vida real..
Para Piaget, o brincar é uma fase do desenvolvimento da inteligência, que marca o domínio da assimilação sobre a acomodação, sendo o objetivo consolidar a experiência passada.
O faz-de-conta, é a ponte entre a realidade e a fantasia. Pois é através delas que as crianças compensam as pressões que sofrem na realidade do dia a dia, e também procuram a satisfação indireta dos devaneios irreais, livram-se da pressão dos adultos, especialmente dos pais.
Segundo Salum e Moraes (1980)...A realidade do cotidiano, diante do fantástico mundo da ficção, parece menos interessante e de mais fácil assimilação pela criança.
Kosrelnik e colaboradores (1986) citam características dos super-heróis que nos levam a entender por que as crianças são tão fascinadas pelos super-heróis e tentam imitá-los. Às crianças tem consciência que o mundo é dominado pelos adultos e que elas não tem poder sobre isso, o que justifica se colocar no papel de poder (super-heróis), onde ela pode dominar os vilões ou situações que provocam medo, situações de vulnerabilidade, insegurança. É na brincadeira de super-herói que a criança constrói sua autoconfiança e supera obstáculos da vida real.
A brincadeira de super-herói pode ser uma forma especializada de jogo de papéis ou sócio-dramático. Muitas vezes visto como prejudicial, caótico ou violente, pelo contrário, essa brincadeira, oferece oportunidade da criança obter um sentido de domínio, e trás também um benefício comumente associado ao jogo dramático.
Algumas das características dos super-heróis citadas por Kostelnik e colaboradores:
- Bondade, sabedoria, coragem, inteligência e força;
- solucionar qualquer problema e ultrapassar obstáculos
- pessoas os procuram para segui-los e obter ajuda, eles não recebem ordens de ninguém;
- sabem sempre o que é certo, não se enganam nunca;
- não se frustam, não tem dúvidas, não são fracos, como a maioria das pessoas;
- são aprovados e reconhecidos pelos adultos e todos querem ser seus amigos.
Por tudo isso as crianças desejam ter seus poderes, além de poder voar, nadar embaixo d’água e até mesmo mudar a forma do corpo.

As crianças no jogo simbólico constroem uma ponte entre a brincadeira e a realidade. São capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor, medo e perda. Lutam com conceitos de bom e mal. O triunfo do bem sobre o mal dos heróis protegendo vitimas inocentes é um tema comum na brincadeira das crianças. (Bettelheim,1988).
Crianças que vivem em ambientes perigosos retratam em suas brincadeiras o que passam em seu dia a dia.
Dentro de uma mesma cultura, crianças brincam com temas comuns: educação, relações familiares e vários papéis que representem as pessoas que integram sua cultura.
O brinquedo aparece como um pedaço de cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à representação, a agir e a imaginar.
O brinquedo pode ser um mediador de uma relação com outra ou com uma atividade solitária, mas sempre sobre o fundo da integração a uma cultura específica. O mundo representado é mais desejável que o mundo real.
No sonho, na fantasia, na brincadeira de faz-de-conta desejos que pareciam irrealizáveis podem ser realizados.
(Trabalho realizado para o pós em grupo com as colegas Fernanda, Marise e eu)

domingo, 22 de agosto de 2010

TANGRAM

TRANGRAM


Diz uma lenda, que um monge (ou um imperador...) chinês, quebrou um espelho. Ao tentar remontá-lo, começou a perceber que as sete peças (os tans) que ficaram, poderiam ser remontadas de infinitas formas, criando inúmeras figuras. Essa é a essência do Tangram: um quadrado, decomposto em sete figuras geométricas, cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo, com as quais é possível montar-se um número quase infinito de figuras. Em chinês, o Tangram é conhecido como Ch i ch iao tu, ou as "Sete Peças Inteligentes".
O Tangram não possui uma "solução": são inúmeras as figuras que podem com ele ser formadas, aí reside seu grande atrativo. Mas tem como objetivo construir uma figura idêntica a um modelo previamente determinado, utilizando todas as sete peças que o compõe: dois triângulos grandes, dois pequenos e um médio, um quadrado e um paralelogramo.
Na verdade não se sabe qual a verdadeira origem do Tangram. Para alguns, o jogo é milenar. Outros afirmam que teria pouco mais de 200 anos. Existe uma figura em madeira, mostrando duas senhoras chinesas resolvendo problemas de Tangram, datado de 1780. Existe também uma enciclopédia do Tangram, escrita por uma mulher, na China, há mais de 100 anos, em seis volumes com 1.700 problemas de Tangram. E sabe-se que era o jogo preferido de Napoleão em seu exílio e de Lewis Carroll, autor de Alice no país das maravilhas.
O Tangram não exige de seu praticante qualquer esforço ou habilidade especial: exige tão somente tempo, paciência e especialmente imaginação... Difere do quebra-cabeça na sua estrutura, pois possui um número reduzido de peças e um lugar variável para a colocação de cada uma delas, dependendo da figura a ser construída.
O jogo propicia às crianças o desenvolvimento do raciocínio, a capacidade de concentração e a perseverança. Com o uso dele, a criança tem a necessidade de planejar e desenvolver estratégias para “se dar bem no jogo”, inclusive para ganhá-lo. Com o Tangram, podemos propor “situações problemas”, que parece ser uma forma muito valiosa para a introdução de novos desafios que despertem a curiosidade das crianças, aguçando o interesse pelo conhecimento, através da diversão. O fato de mexer com a imaginação, faz do Tangram um excelente jogo infantil e educacional, especialmente se pudermos fazer a criança criar o seu próprio jogo. É necessário ter boa memória, conhecer as peças e explorar a multiplicidade das possíveis relações estabelecidas entre as peças. A combinação simultânea desses fatores é que possibilita ao jogador condições de resolver os diferentes problemas propostos pelo jogo.
(TRABALHO REALIZADO COM AS COLEGAS FERNANDA, MARISE E EU)

TRANSTORNO DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE


Este trabalho tem por objetivo entender o estudo do Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, como ele se manifesta nos pacientes, qual melhor maneira de tratá-los e acompanhá-los dentro de seu contexto escolar e de sua vida social. Esclarecer mal entendidos e diagnósticos administrados por profissionais não capacitados, e também diagnósticos precoces de profissionais que não realizaram procedimentos adequados para fechar o diagnóstico corretamente e poder dentro do possível conhecer, trabalhar, encaminhar corretamente os casos que irão aparecer no decorrer de nosso trabalho como psicopedagogas.
É um trabalho interessante, pois proporcionou pesquisas e leituras dinâmicas de um assunto muito falado nas escolas, tanto pela internet como em livros de profissionais da área médica.
É um tema que deve ser estudado, lido, discutido, pois é o modismo do século XXI, crianças são diagnosticadas de TDAH e muitas vezes medicadas sem ao menos passar por exames e ou testagens próprias para um diagnóstico seguro.
A partir desse estudo pretendemos ter um esclarecimento seguro em relação ao TDAH e um conhecimento básico para auxiliar o indivíduo dentro de suas necessidades e dificuldades que são características próprias das crianças com TDAH.

DEFINIÇÃO

O TDAH é determinado por uma dificuldade de atenção, que irá evoluindo ou por uma hiperatividade e impulsividade, ou por ambos, inapropriados para a idade. Para critérios de diagnóstico o transtorno deve permanecer pelo menos por 6 meses, ocorrer antes dos 7 anos e prejudicar o funcionamento escolar ou social.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade já vem sendo identificado a muitos anos com outras terminologias. No início do século as crianças que apresentavam impulsividade, eram desinibidas, hiperativas, muitas delas com lesões neurológicas provindas de uma encefalite, eram todas agrupadas num mesmo rótulo de “síndrome de hiperatividade”. Já na década de 60, as crianças que apresentavam coordenação motora mais deficiente, dificuldades na aprendizagem e instabilidade emocional, esse grupo sem lesão neurológica, eram classificadas como tendo “disfunção cerebral mínima”. A partir daí, muitas outras hipóteses foram citadas para explicar a origem do transtorno, como uma condição de base genética, que reflete um nível anormal de excitação e uma fraca capacidade de lidar com as emoções.
O que realmente amparou a teoria foi a observação de que o uso de medicamentos estimulantes ajudam a manter uma atenção constante e melhoram na concentração para determinada tarefa. Hoje não é um fator isolado que irá determinar o transtorno, mas as condições ambientais contribuem muito para tal condição assim como aspectos clínicos previsíveis estão associados ao transtorno.

“O comportamento é um fenótipo (característica observável e mensurável), mas não como outro qualquer, pois envolve o funcionamento de todo o organismo, e não só a ação de uma simples célula, molécula, ou órgão; é dinâmico e muda em respostas ao ambiente. O comportamento é o fenômeno mais complexo que pode ser geneticamente estudado”
(R. Plomin, 1991)

EPIDEMIOLOGIA

A incidência de TDAH, nos Estados Unidos é de 2 a 20% em crianças de escola primária. Uma cifra mais conservadora situa-se em torno de 3 a 5 % em crianças em idade pré-pubertal. Na Grã-Bretanha, é menos 1%. A incidência é maior em meninos, variando de 3 a 5 para 1 menina, aparecem mais em meninos primogênitos. Os pais de crianças com TDAH podem apresentar hipercinesia, sociopatia e transtornos conversivo.
O início do transtorno, geralmente se da aos 3 anos, mas o diagnóstico somente é realizado quando a criança entra na escola e começa a apresentar um aprendizado diferente e um comportamento diferenciado dos padrões exigidos para a aprendizagem, de tempo maior de concentração e de atenção.



CLASSIFICAÇÃO

De acordo com o DSM IV o TDAH possui 3 grandes sub categorias, que são diferenciadas pela presença (ou não) da hiperatividade e impulsividade. A dificuldade de manter a atenção focada é encontrada nos 3 tipos.
DESATENTO: desvia facilmente a atenção do que está fazendo e comete erros pela falta de atenção a detalhes. Muitas vezes se distrai pelo próprio devaneio e pelo simples estímulo externo. Existe aqui a dificuldade de concentração em palestras, aulas, leituras de livros (que dificilmente termina a não ser que interesse muito); muitas vezes parece não ouvir quando o chamam; se distrai numa conversa com outra pessoa, principalmente quando está em grupo; dificuldade em seguir instruções, iniciar, completar e só então depois mudar de tarefa; dificuldade em começar tarefa que exige longo esforço mental; dificuldade em organizar-se (mesas, gavetas, arquivos e papéis); problemas de memória a curto prazo, perde ou esquece objetos, nomes e datas.
HIPERATIVO-IMPULSIVO: faz várias coisas ao mesmo tempo, está sempre a mil por hora; consegue ler, ver TV e escutar música ao mesmo tempo; inquietação, dificuldade em ficar sentado por muito tempo; pode comprar, comer, falar compulsivamente; tendência ao vício; interrompe a fala dos outros; baixo nível de tolerância; instabilidade de humos; dificuldade em expressar-se, muitas vezes a fala não acompanha a velocidade do seu pensamento.
COMBINADO: apresenta as características combinadas de desatenção, hiperatividade e compulsividade.
Esses sintomas devem estar presentes pelo menos por 6 meses e em algumas situações, como por exemplo em casa e na escola.


QUADRO CLÍNICO OU SINTOMATOLOGIA

As crianças com TDAH, geralmente os meninos, são inquietos, agitados, desatentos. Falam muito, saem constantemente da sala de aula, tem dificuldade de manter a atenção por muito tempo numa determinada atividade...
Muitas vezes são crianças inteligentes, criativas, mas que não conseguem demonstrar todo o seu potencial em função do transtorno.
A falta de diagnóstico e tratamento correto causa grande prejuízo a vida escolar e social, sem tratamento, podem acarrear em outros prejuízos como a baixa auto estima, e muitas vezes o isolamento.
A característica essencial do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos 6 anos, mas muitos são diagnosticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos.
Muitas pesquisas ainda são necessárias para se esclarecer a base genética do TDAH. É importante continuar integrando resultados de todas as fontes para que se consiga identificar os componentes que conferem suscebilidade genética do TDAH.

CURSO E PROGNÓSTICO

Significado de Prognóstico: Juízo médico, baseado no diagnóstico, acerca da evolução duma doença.

O curso do TDAH é altamente variável. Os sintomas podem persistir na adolescência ou na vida adulta, podem apresentar remissão na puberdade, ou a hiperatividade pode desaparecer, com persistência de um reduzido alcance da atenção e problemas de controle dos impulsos.
A hiperatividade geralmente é o primeiro sintoma a apresentar remissão. A remissão é improvável antes dos 12 anos. Se ocorrer, geralmente dá-se entre 12 e 20 anos. A remissão pode ser seguida de uma adolescência e vida adulta produtivas, relacionamentos interpessoais gratificantes e poucas sequelas significativas. A maioria dos pacientes com TDAH, entretanto, sofrem uma remissão parcial e são vulneráveis ao distúrbio de personalidade antissocial e a outros distúrbios da personalidade e do humor. Os problemas de aprendizado frequentemente persistem.
Em cerca de 15 a 20 % dos casos, os sintomas de TDAH persistem na vida adulta. Esses indivíduos podem apresentar uma diminuição da hiperatividade, mas continuam impulsivos e propensos a acidentes. Embora as realizações acadêmicas sejam inferiores às de indivíduos sem TDAH, o início de sua história profissional não difere da de indivíduos com nível de escolaridade semelhante.
As crianças com TDAH cujos sintomas persistem até a adolescência estão em alto risco para o desenvolvimento de transtorno de conduta. Aproximadamente, 50% das crianças com transtorno de conduta desenvolverão transtorno da personalidade antissocial na idade adulta. As crianças com TDAH e transtorno de conduta também estão em risco para o desenvolvimento de um transtorno relacionado a substâncias.
No total, o resultado do TDAH na infância parece estar relacionado com a intensidade e persistência de um transtorno de conduta e a fatores familiares caóticos. Os melhores resultados podem ser promovidos pela melhora na agressividade das crianças e por uma melhora também nas funções familiares, tão logo seja possível.

TRATAMENTO

O tratamento das crianças com TDAH exige um esforço combinado, ou seja, uma intervenção multidisciplinar: profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica em conjunto com os pais e ainda, quando necessário, uso de medicação. O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla: intervenções psicossociais e psicofarmalógicas.
O primeiro passo no âmbito das intervenções psicossociais deve ser educacional, ou seja, dar informações claras e precisas à família a respeito do transtorno. É importante que os pais conheçam as melhores estratégias para o auxílio de seus filhos na organização e no planejamento das atividades.
As intervenções no âmbito escolar também são necessárias e devem ter como foco o desempenho escolar. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldades de se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas têm sobre uma boa atuação. Os professores devem ter paciência e disponibilidade, pois as crianças com TDAH precisam de muita atenção, já que, geralmente possuem baixa autoestima pelo fato de apresentarem dificuldades na concentração. É importante alguns ajustes por parte do professor e algumas intervenções na sala de aula, como: trabalhar em pequenos grupos sem isolar a criança com TDAH; dar tarefas curtas ou intercaladas para que elas possam concluí-las antes de se dispersarem; elogiar sempre os resultados; usar jogos e desafios para motivá-las; valorizar a rotina, pois deixa as crianças mais seguras; permitir que elas consertem os “erros” pedindo desculpas quando ofenderem algum colega ou desrespeitarem combinações; repetir consignas usando sentenças claras para entenderem; pedir a elas para repetir o comando para ter certeza que escutaram e compreenderam o que o professor solicitou; escolher essas crianças como ajudante do professor e mostrar limites de forma segura e tranquila, sem entrar em atrito.
As intervenções psicofarmalógicas feitas a base de agentes farmacológicos são os estimulantes do SNC, principalmente a dextroanfetamina, metilfenidato e pemolina. O mecanismo de ação dos estimulantes é desconhecido. O metilfenidato tem se mostrado altamente eficaz em até três quartos de todas as crianças com TDAH, com relativamente poucos efeitos colaterais. O metilfenidato é um medicamento de ação curta, geralmente usado com intuito de agir durante as horas da escola de modo que as crianças possam atender às tarefas e permanecerem em sala de aula. Os efeitos colaterais mais comuns incluem cefaléias, dores abdominais, náusea e insônia. Algumas crianças experimentam o efeito de rebote, no qual tornam-se levemente irritáveis e se mostram levemente hiperativas por um breve período, quando medicamento cessa seus efeitos. Em crianças com histórico de tiques motores, deve-se ter cautela, pois o metilfenidato pode causar uma exacerbação do transtorno de tique. Uma outra preocupação em relação a esse medicamento é se ele causará alguma supressão do crescimento, por isso aconselha-se umas “férias medicamentosas” em férias e em fins de semana.
Os antidepressivos incluindo a imipramina, desipramina e nortriptilina têm sido usados para o tratamento do TDAH com algum sucesso, pois podem ser benéficos em crianças que apresentam transtorno de tique e que são impedidas do uso de estimulantes. Porém os antidepressivos exigem um atento monitoramento da função cardíaca, já que pode causar óbito e sabe-se que o uso de estimulantes é mais eficaz para as crianças que apresentam TDAH.
As crianças com TDAH e sintomas depressivos que usam metilfenidato e desipramina simultaneamente obtêm melhoras na aptidão em tarefas cognitivas. De modo geral, os estimulantes ainda são a droga de primeira escolha no tratamento farmacológico do TDAH, pois reduzem a hiperatividade, impulsividade, irritabilidade e explosões.
Em relação às intervenções psicossociais a psicoterapia individual de apoio é a cognitivo-comportamental que deve ter uma abordagem combinada de medicação mais abordagem psicoterápica.
Ao receberem medicamentos, as crianças com TDAH devem ter a oportunidade de explorarem o significado da medicação para elas, pois assim sua ansiedade diminui. Também os pais devem ser ajudados a reconhecer que os filhos devem enfrentar tarefas normais de maturação, incluindo a necessidade de introjetar padrões e formar um superego normal e flexível. Portanto, as crianças com TDAH não se beneficiam por serem dispensadas das exigências, expectativas e planejamento aplicáveis às demais crianças. A terapia incentiva o pensamento racional e a solução de problemas para auxiliar o paciente a reconhecer e mudar o pensamento em relação à patologia. Recomenda-se que pais e professores possam recompensar quando esta demonstra o comportamento desejado e consequências negativas quando não correspondem. Várias técnicas podem ser utilizadas e apresentam resultados positivos comprovados, pois visam estruturar o meio ambiente em que a criança vive.


PROFILAXIA

Significado de profilaxia: Emprego de qualquer procedimento ou agente para evitar instalação e/ou propagação da doença.
É fundamental que os pais procurem um auxílio rápido diante de suspeitas e preocupações, fazendo a investigação necessária e obtendo um diagnóstico correto, para que o portador do TDAH tenha logo um tratamento adequado com uma equipe multidisciplinar e auxílio dos pais, a fim de aprender a tirar o maior partido das suas características e a usar todo o seu potencial (ver intervenções no âmbito escolar, citadas acima). E também é prioritário dar mais atenção, afeto e carinho a essa criança e percebê-la como um todo e não só o seu desvio de comportamento. A parceria com o educador permitirá que eventuais melhoras, bem como possíveis pioras, possam ser identificadas na sala de aula e discutidas com o médico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS<
• Compêndio de Psiquiatria; ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Kaplan & Sadock; 7° edição, pág.989 a 994 – POA: Artes Médicas, 1997
• DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dayse Batista; 4ª edição, pág.82 a 84 – POA: Artes Médicas, 1995.
• II º Curso de Extensão sobre Transtorno de Déficit e Atenção /Hiperatividade – 2009 - Drª. LYGIA OHLWEILLER
• http://www.dda-deficitdeatencao.com.br

O LÚDICO COMO MELHORIA NA TERCEIRA IDADE

O processo de envelhecimento ainda é pouco conhecido, porém o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável deixando o homem mais suscetível a doenças. A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases da vida e será ainda mais importante na “Terceira Idade” onde há uma perda de aptidão física e conseqüentemente de saúde.
Entretanto, é fato que a expectativa média de vida vem sofrendo um acréscimo. Isto se dá, devido à melhora da qualidade de vida, que pode ser definida como a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém, além de implicar numa idéia de felicidade, ou seja, a ausência de aspectos negativos, e uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável, espaço para o lazer, bom relacionamento familiar, etc.
A hidroginástica é um tipo de lúdico, é uma atividade física, realizada dentro da água de piscinas aquecidas ou não, com exercícios aeróbicos, danças com objetivos recreativos, caminhadas, alongamentos, relaxamento, etc. Essas atividades apresentam baixo índice de lesões, além de descontrair os adeptos, permitindo melhorar a qualidade de vida de seus praticantes. Essa modalidade surgiu na Alemanha, atendendo inicialmente às necessidades de um grupo de pessoas idosas que precisavam praticar uma atividade física que não causasse riscos ou lesões nas articulações e que lhes proporcionasse bem–estar, físico e mental.
Por outro lado, no Brasil a hidroginástica começou há alguns anos e atualmente está sendo muito divulgada e praticada por pessoas da “Terceira Idade”. Nesta fase da vida deve–se ter como meta a aceitação da idade avançada, a atividade física constante para manter a vitalidade e disposição necessária para a execução das tarefas do dia–a–dia, a atividade mental e intelectual para entender e avaliar o mundo que está ao redor e o convívio social para exercitar, com prazer, todas essas habilidades. A hidroginástica é uma das modalidades mais adequadas ao idoso, primeiramente devido às condições que o meio líquido proporciona – especialmente o baixo impacto. E secundariamente – mas não menos importante – é uma atividade que vai proporcionar muito prazer a uma pessoa que geralmente é tímida por estar abandonada, sentir–se inútil (não pode mais trabalhar), sentir–se mal amada, sentir–se velha. A hidroginástica trabalha muito o aspecto motivacional, fazendo com que o idoso se solte, não tenha vergonha do corpo e ao mesmo tempo esteja em contato com ele. O referido trabalho tem por finalidade estudar o brincar na hidroginástica, enquanto instrumento facilitador de reorganização psíquica para a pessoa da “Terceira Idade”, possibilitando–lhe viver com mais harmonia e satisfação no âmbito pessoal, familiar e social.

Considerando–se que a “Terceira Idade” é um assunto que nos últimos tempos está adquirindo uma ênfase maior em nossas vidas, que o referencial sobre esta fase da vida ainda é um tanto escasso e com o objetivo de verificar a influência da atividade lúdica (física) no comportamento do idoso, concluiu–se que: os idosos estão procurando cada vez mais os grupos de atividade, não só por recomendação médica, mas também por acreditarem que nessa fase da vida eles precisam mais do que nunca, estarem de bem com a vida, vivendo–a plenamente.
Com isso, os idosos acreditam que seu tempo de lazer está sendo bem aproveitado, pois além dos meios de comunicação eles também praticam atividades físicas, passeiam e prestam serviços comunitários o que os faz sentirem–se úteis, ativos, alegres e rejuvenescidos.
Com a idéia de "Terceira Idade", a velhice se dissolve no comportamento de "novos velhos". A idéia de que a velhice é um investimento cultural sobre um processo biológico faz parte dos novos modelos de gerir a experiência de envelhecimento que se "desnaturaliza" e, tornando–se maleável, passa a ser vivida como um estilo de vida.
Com isso a experiência de envelhecimento tende a ser vista como uma opção individual frente a um leque variado de produtos e serviços, e não mais uma imposição inexorável do passar dos anos. Essa visão cada vez mais permeia as práticas dos que envelhecem as disciplinas que se voltam para seu estudo e as iniciativas destinadas à população idosa. Ao mesmo tempo, surgem cada vez mais recursos e discursos para negação dos efeitos do envelhecimento.
Por isso, o envelhecimento útil e feliz não pode ser apenas um mito. Cabendo a sociedade a responsabilidade de redefinir, sócio e culturalmente o significado da velhice, possibilitando a restauração da dignidade para ser esse grupo etário. Cabe a cada idoso o compromisso de lutar, pois se a sociedade inventou a velhice, devem os idosos reinventar a sociedade brincando.

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